Reflexões sobre a 36ª Conferência Mundial de Alzheimer

Federação Brasileira das Associações de Alzheimer
  • Percepções. Inovações. Inspirações.Por Elaine Mateus, Presidente da Febraz

    Entre os dias 24 e 26 de abril, tive a honra de representar a Febraz na 36ª Conferência Mundial de Alzheimer, um evento extraordinário organizado pela Alzheimer’s Disease International (ADI) em Cracóvia, na Polônia. O encontro, que reuniu mais de 1.000 delegados presencialmente e online, de mais de 120 países, consolidou-se como uma plataforma de inovação e troca de conhecimentos sobre as demências.

    A conferência foi estruturada em torno das sete áreas do Plano de Ação Global da OMS sobre demência, englobando políticas de saúde, sensibilização, prevenção, diagnóstico, tratamento, cuidados e pesquisa sobre a demência. A diversidade de apresentações plenárias, sessões orais e pôsteres refletiu um compromisso com o avanço do conhecimento e o compartilhamento de melhores práticas.

    Os destaques desta conferência foram muitos, mas gostaria de enfatizar três que considero cruciais. Primeiro, a intensificação dos investimentos em pesquisas para tratamentos modificadores da doença de Alzheimer sinaliza um momento decisivo na busca de melhoria de qualidade de vida para todos nesta condição. A necessidade de capacitar profissionais para administrar e implementar essas inovações é mais premente do que nunca. Em segundo lugar, o papel transformador da Inteligência Artificial no aprimoramento dos meios de diagnóstico e intervenções pós-diagnóstico representa um salto qualitativo na maneira como entendemos e abordamos a demência.

  • Além disso, as discussões sobre o aumento da conscientização e inclusão foram especialmente impactantes. Abordar o estigma associado à demência e promover políticas inclusivas são passos fundamentais para garantir que aqueles que vivem com demência sejam respeitados e integrados em nossa sociedade.

    A Febraz, por meio de sua participação ativa, compartilhou estratégias e experiências. Destaco nossa apresentação oral sobre a campanha de conscientização Setembro Lilás, realizada em 2023, bem como nossos pôsteres que detalharam planos e estratégias em desenvolvimento em diferentes níveis governamentais, além de estudos como o “Retratos do Cuidado”, em colaboração com a Universidade de Westminster.

    Eventos como a Conferência Mundial de Alzheimer são vitais não apenas para nos mantermos atualizados sobre os avanços globais, mas também para compartilharmos nossas próprias inovações e experiências. Estou profundamente inspirada pelo que presenciei e pelas oportunidades que surgiram para a Febraz e para a comunidade de Alzheimer como um todo. Que possamos continuar trabalhando juntos para construir um futuro melhor para aqueles que vivem com demência e suas famílias.

    Elaine Mateus é professora aposentada da Universidade Estadual de Londrina e linguista, cuja paixão pela linguagem e seu papel na formação de percepções e experiências do mundo a levou a investigar como a comunicação pode perpetuar ou desafiar desigualdades. Sua vida tomou um novo rumo em 2012, quando sua mãe foi diagnosticada com a doença de Alzheimer. Esse desafio pessoal alimentou seu interesse pelo estudo das demências e a impulsionou a se dedicar à causa. Cofundadora do Instituto Não Me Esqueças e presidente da FEBRAZ (Federação Brasileira das Associações de Alzheimer), Elaine tornou-se uma voz ativa na advocacia dessa condição, trabalhando para aumentar a conscientização sobre os impactos da demência nas pessoas, famílias e sociedade em geral. Ela também é membro do conselho diretor da Alzheimer Iberoamérica, uma rede que promove a conscientização e compreensão da demência na América Latina e na Península Ibérica. Elaine liderou o projeto STRiDE, uma iniciativa internacional focada em melhorar o cuidado com a demência em países de baixa e média renda. Seus interesses em ciências humanas e sociais, linguística e demência são nutridos pelo desejo profundo de compreender as pessoas e o mundo ao redor, utilizando esse conhecimento para fomentar uma sociedade mais inclusiva, justa e humanizada.