O Brasil está preparado para tratar a doença de Alzheimer? O Brasil está envelhecendo em ritmo acelerado e passa a enfrentar uma carga mais alta de doenças crônicas e entre elas, a demência, deterioração gradativa dos aspectos cognitivos.
Nesse contexto, o número de brasileiros com demência poderá triplicar até o ano de 2050. A doença de Alzheimer corresponde de 60% a 70% dos casos de demência.
Entenda os desafios e oportunidades que o Brasil tem como país para lidar com um cenário hipotético em que um tratamento para a doença de Alzheimer se torne acessível. Esse é o vídeo resumo do relatório desenvolvido pela University of South California, com apoio da Biogen, cuja publicação teve a participação da Febraz.
Prontidão do sistema de saúde frente a potencial novo tratamento para a doença de Alzheimer:
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia e da Febraz aponta que o Brasil possivelmente enfrentará desafios significativos (em termos de infraestrutura e preparo) necessários para atender o número de pacientes elegíveis para um potencial tratamento da doença de Alzheimer, indicado para os estágios iniciais.
A Atenção Primária à Saúde (APS) é considerada a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). As equipes da APS atendem a cerca de dois terços da população e oferecem uma ampla gama de serviços que visam proporcionar atenção integral ao paciente, incluindo ações de promoção da saúde, prevenção e gestão de doenças crônicas, diagnóstico, tratamento, reabilitação, entre outros.
O estudo mapeou a jornada do paciente com demência pelo sistema brasileiro de saúdeconsiderando a demanda diante do advento de um potencial tratamento para as fases iniciais da doença de Alzheimer. E um dos gargalos apontados pela pesquisa é o número de especialistas em demência capacitados para prestar cuidado adequado a esses pacientes,bem como a dificuldade de acesso a esses médicos.
Com base em simulações, o trabalho estimou a oferta e procura de serviços de diagnóstico para identificar os pacientes potencialmente elegíveis ao tratamento. Analisou também como a organização das políticas públicas de saúde, prática clínica e modelos de financiamento podem ser repensados para acomodar o aumento da demanda.
O estudo desenvolveu uma jornada estilizada do paciente para capturar o caminho atual que as pessoas demência percorrem, passando pela identificação com base na triagem ou queixas de memória, avaliação com testes neurocognitivos, imagens e biomarcadores, diagnóstico e tratamento. Para cada etapa da jornada do paciente, o estudo analisou o status quo do cenário brasileiro em relação à cobertura, capacidade e recursos.
O estudo conclui que o Brasil tem um longo caminho pela frente para desenvolver umainfraestrutura adequada para o cuidado da memória, especialmente no sistema público de saúde. Ressalta que é difícil construir infraestrutura em curto prazo, sobretudo considerando os pilares do sistema de saúde do país, que são o acesso universal e equitativo.
No entanto, entende que, com ações estratégicas e eficientes, será possível construir um novo cenário para melhorar a atenção aos pacientes com demência e doença de Alzheimer e incluir na assistência às pessoas com sintomas iniciais dessas patologias, que atualmente não são acompanhadas pelo sistema de saúde.