Dificuldades e oportunidades na pesquisa sobre Alzheimer no Brasil

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O Relatório Nacional Sobre as Demências (ReNaDe) revela que estamos dando passos ainda muito lentos em direção a uma resposta efetiva à demência. Não só no Brasil, mas na maioria dos países a situação é extremamente preocupante.

A insuficiência no apoio à pesquisa e inovação em Alzheimer e outras demências é evidente, impactando a qualidade de vida dos diagnosticados e suas famílias, bem como os avanços na busca por tratamentos eficazes. E todos sabemos, quem tem demência não pode esperar.

Frente a essa realidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o plano estratégico A blueprint for dementia research, buscando unir agências de saúde, pesquisadores e financiadores para definir metas comuns.

No contexto nacional, o estudo desenvolvido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz em parceria com o Ministério da Saúde, via Hospitais PROADI-SUS para elaborar o ReNaDe, mapeou a pesquisa científica em demência, analisando publicações e investimentos para oferecer recomendações fundamentadas.

Análise de dados

A equipe do ReNaDe examinou 5.822 publicações no banco de dados científicos Scopus, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2021. Destas, 2.528 atenderam aos critérios de inclusão.

Foram descobertos indicadores importantes sobre como se desenvolve a pesquisa na área aqui no Brasil.

  • As mulheres são protagonistas, lideram 60% dos projetos.

  • Os trabalhos científicos estão concentrados nas regiões Sudeste (68,4%) e Sul (20,9%).

  • O foco de investigação em 65% das pesquisas está em apenas duas áreas, diagnóstico (33,4%) e mecanismos da demência (32,7%).

Outras áreas são investigadas em apenas 35% o conjunto de trabalhos. Epidemiologia, ensaios clínicos e avaliação do impacto econômico, são objeto de estudo em menos de 5% das pesquisas.

Financiamento

Os principais financiadores identificados foram o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científco e Tecnológico ), a** CAPES **(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e a FAPESP ****(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que, em conjunto, investiram R$ 137 milhões em bolsas e R$ 92 milhões em auxílios à pesquisa, entre 2020 e 2022. Essas agências, em particular, foram as mais citadas nas publicações analisadas sobre a produção científica relacionada à demência.

Porém, analisando os percentuais anuais de recursos destinados à pesquisa sobre demência em relação ao montante total do CNPq e da FAPESP, foram observadas oscilações significativas e mantida uma baixa proporção de investimento.

Agência 2010 2019 2020 2021

FAPESP 1,52% 1,41% 0,58% 1,05%

CNPq 0,24% 0,40% 0,12% 0,45%

Como podemos avançar?

Veja as recomendações das pesquisadoras e pesquisadores do ReNaDe.

  • Incentivar investimentos em estudos sobre demência, especialmente em epidemiologia, ensaios clínicos e avaliação econômica.

  • Alocar recursos nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte para reduzir desigualdades e entender diferentes cenários da demência no Brasil.

  • Criar um plano estratégico para garantir financiamento sustentável de pesquisas sobre demência.
  • Estimular estudos aplicados à realidade brasileira, embasando políticas públicas para pessoas com demência e familiares.

  • Propor a criação de uma rede nacional de pesquisa em demência, com apoio financeiro do governo e agências de fomento.

Apoie a causa

O desafio da demência exige ação imediata. Compartilhe informações sobre o contexto brasileiro em demências. Juntos, podemos aumentar a conscientização e transformar o cenário da pesquisa em demência no Brasil.

Se interessou pelo tema e quer mais detalhes?

Acesse o Sumário Executivo do ReNaDe aqui.

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Febraz – Federação Brasileira das Associações de Alzheimer.