O estigma nas palavras: Vamos parar de falar “fingir demência”?

Federação Brasileira das Associações de Alzheimer
  •  A expressão “fingir demência” se popularizou nas redes sociais, conversas cotidianas e até em itens como canecas e quadrinhos decorativos. No entanto, seu uso perpetua estigmas sobre pessoas que vivem com demência.

  • “Fingir demência” virou um modo de descrever quando alguém faz de conta que não sabe ou não entende algo, evitando responsabilidades ou conflitos. Embora pareça uma brincadeira inofensiva, essa expressão banaliza uma condição médica séria, caracterizada pela perda progressiva de memória e outras funções cognitivas.

    Ao dizer “fingir demência”, desumaniza-se a experiência real e dolorosa de quem enfrenta os desafios da doença. O estigma nas palavras contribui para a marginalização dessas pessoas, fazendo com que se sintam incompreendidas e isoladas. Além disso, naturaliza o comportamento de zombar e fazer gracejos sobre Alzheimer e outras demências, ignorando a gravidade da condição.

    A mudança de vocabulário é um passo essencial para combater o estigma e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com demência. O STRiDE – Fortalecendo Respostas à Demência em Países em Desenvolvimento, rede de pesquisa da  qual a Febraz é membro, concluiu a partir de estudos que o estigma em torno da demência pode ser tão devastador quanto a própria doença. As pesquisadoras e pesquisadores destacam prejuízos para o indivíduo e a sociedade.

    Prejuízos individuais

    1. Prejuízo aos objetivos de vida: O estigma pode minar as metas pessoais.

    2. Redução na participação em atividades significativas: Pessoas afetadas podem se isolar.

    3. Piora na qualidade de vida: Impactos negativos na saúde emocional e física.

  • Prejuízos coletivos

    1. Influência nas políticas públicas: O estigma pode direcionar negativamente as decisões políticas.

    2. Redução do financiamento para cuidados e apoio: Menos recursos são disponibilizados para assistência adequada.

    3. Dificuldades adicionais para pessoas com demência: Barreiras no acesso a cuidados e suporte necessários.

    A mudança de vocabulário é uma parte importante da educação em saúde mental e pode contribuir para uma mudança cultural positiva, onde pessoas que vivem com demência se sintam mais acolhidas e compreendidas.

    Você pode ajudar evitando expressões capacitistas em falas ou textos e alertando as pessoas quando ouvir algo que reforça o estigma. Não fique calado, ajude-nos a reduzir o preconceito e aumentar o respeito.