Antes que você me esqueça: A arte e o estigma

Federação Brasileira das Associações de Alzheimer
  • A peça “Maio, Antes Que Você Me Esqueça”  inicia temporada no Rio de Janeiro nesta semana (17 de maio), trazendo a demência para a cena. Escrita e dirigida pelo neurocirurgião e dramaturgo Jair Raso, a montagem apresenta a história de Hélio (Ilvio Amaral), que vive com demência, e seu filho Mauro (Maurício Canguçú). Ao passarem um fim de semana juntos, enfrentando estranhamentos e revivendo episódios do passado, pai e filho se redescobrem e ressignificam seus afetos e memórias. Mauro, que sempre manteve uma relação distante com o pai, vê-se obrigado a lidar com essa nova realidade enquanto tenta reconectar-se com Hélio.

    Como defensores dos direitos das pessoas que vivem com demência, divulgamos todos os dias dados, cenários, pesquisas, denúncias e apelos. Com alegria, abrimos espaço toda vez que a arte joga luz sobre a vida com Alzheimer. Temos plena noção do poder que uma história tem para mudar comportamentos. A arte, ao promover sensibilidade e questionamento, em vez de apresentar apenas fatos e estatísticas, contribui de maneira democrática, acessível e profunda ao expandir o horizonte dos afetos do público.

    O ator Maurício Canguçú, de “Maio, Antes Que Você Me Esqueça”, conta que ao final do espetáculo é comum as pessoas esperarem o elenco na porta do teatro para conversar: “Elas relatam fatos que aconteceram em suas famílias e como todo aquele universo é muito próximo dos seus cotidianos. Elas se emocionam ao nos contar e tudo isso nos confirma o quão potente é o teatro que consegue provocar esta catarse”.

    O autor e diretor Jair Raso complementa: “É uma peça de um ato e vários tempos: o tempo de rir, o tempo de se espantar, o tempo de se emocionar. Enquanto isso, o pensamento se debruça sobre o bem que um mal pode causar”.

    O estereótipo reduz as pessoas a uma característica, condição ou dificuldade. A arte, em suas diversas formas, tem o poder de quebrar essa barreira e nos instigar a ir além, revendo nossos preconceitos. Ao incluir o tema na dramaturgia, na literatura e outras formas de expressão artística, podemos tocar as pessoas, promover a conscientização, abrir diálogo e estimular a empatia.

    Recentemente, nos cinemas, tivemos a estreia do filme “Domingo à Noite”, que também trouxe à tona a temática da demência numa história de amor. O longa revela um retrato intimista do cotidiano de um casal que convive com a doença. Estrelado por Marieta Severo e Zecarlos Machado, o filme nos oferece uma visão profunda sobre os desafios enfrentados por indivíduos e suas famílias ao lidar com a doença de Alzheimer. A narrativa acompanha Margot e Antônio, um casal cuja vida é profundamente alterada pela condição, destacando não só as dificuldades, mas também a força do amor e do humor, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.

    A arte não precisa estar a serviço de nada, mas reconhecemos e celebramos a arte também como uma forma suave e eficaz de ativismo. Que obras como “Domingo à Noite” e “Maio, Antes Que Você Me Esqueça” continuem a inspirar e transformar, mostrando que, nos momentos de vulnerabilidade, reside uma oportunidade incrível para a empatia e a mudança.

    Se você estará no Rio de Janeiro nas próximas semanas e quer saber mais sobre a peça, clique no link: https://bileto.sympla.com.br/event/92203/d/245949/s/1678088

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