Estudo do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) publicado na Lancet prevê que 153 milhões de pessoas viverão com a doença de Alzheimer em 2050.
Com informações da Alzheimer Disease International
No dia 6 de janeiro, o Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (Institute for Health Metrics and Evaluation – IHME) publicou um estudo com previsões de prevalência de demência em 204 países na revista médica The Lancet: Public Health. O estudo estima que 57 milhões de pessoas viviam com demência em todo o mundo em 2019, número que deve aumentar para 153 milhões até 2050. Os autores reconheceram que os dados são semelhantes aos publicados pela Alzheimer Disease International – ADI no Relatório Mundial de Alzheimer 2015. O estudo também reforça a carga desproporcional que a demência representa para as mulheres, o que também foi destaque no relatório da ADI sobre Mulheres e Demência (2015).
Embora esses aumentos sejam predominantemente atribuídos ao crescimento e envelhecimento da população mundial, os autores da pesquisa também exploram quatro fatores de risco modificáveis para demência: o tabagismo, a obesidade, as taxas elevadas de açúcar no sangue e a baixa escolaridade, e destacam como essas condições podem impactar as estimativas futuras. Prevê-se que as melhorias globais no acesso e na qualidade da educação podem reduzir a prevalência de demência em 6,2 milhões. No entanto, é provável que esse benefício seja neutralizado pelos aumentos que são previstos para obesidade, tabagismo e açúcar no sangue, levando a um adicional de 6,8 milhões de pessoas vivendo com demência. Os pesquisadores concluem que a implementação de políticas de redução de risco pode ter um impacto significativo na redução dessas previsões de prevalência.
Assim como os fatores de risco, o estudo também explora a carga geográfica regional futura dessas previsões crescentes. O maior aumento na prevalência de pessoas que vivem com demência deve ocorrer na África Subsaariana e no norte da África, onde o número de pessoas que vivem com demência deverá aumentar em 357% e 367%, respectivamente. De forma importante, a região africana continua a ser a única região da Organização Mundial da Saúde (OMS) onde nenhum dos seus Estados-Membros tem um plano nacional para a demência. Dados de prevalência no nível de cada um dos 204 países estudados estão incluídos na publicação.
Para a CEO da ADI, Paola Barbarino, “Os dados desse estudo destacam a gravidade da crise de saúde pública e as consequências alarmantes da inação em relação à demência, que já é a 7ª causa de morte em todo o mundo. Recebemos com satisfação o apelo dos autores para a implementação urgente de intervenções personalizadas para combater os fatores de risco, juntamente com a necessidade de aumento de pesquisas sobre tratamentos modificadores da doença eficazes e novos fatores de risco modificáveis. Na prática, isso significa mais campanhas de saúde pública em nível nacional e regional. Muitas pessoas ainda não sabem que podem mudar seu estilo de vida e fazer a diferença. Durante décadas, a ADI, a OMS e a comunidade das pessoas que vivem com demência em geral têm apelado aos governos para que ajam para evitar uma crise de saúde pública. A cada três segundos, alguém desenvolve demência. O tempo está se esgotando e a hora de agir é agora.”
A Febraz une-se à ADI na esperança de que essas descobertas evidenciem a necessidade de os governos adotarem planos nacionais financiados para a demência. Em 2017, todos os Estados membros da OMS adotaram por unanimidade o Plano de Ação Global para uma Resposta de Saúde pública à Demência, concordando em implementar planos nacionais de demência, que incluam estratégias de redução de risco (área de ação 3) e compromissos de financiamento de pesquisa e inovação (área de ação 7) .
Atualmente, apenas 37 países implementaram tais planos e este estudo atua como um alerta oportuno para aqueles que ainda não agiram. À medida que avançamos para os próximos estágios de nossa campanha para incentivar os governos a adotarem planos nacionais contra a demência, utilizaremos este estudo para demonstrar as consequências da inação.