Diretora científica da Febraz, dra. Lindsey Nakakogue, analisa o novo medicamento para Alzheimer.
A aprovação recente da comercialização nos Estados Unidos da droga donanemab, tem gerado expectativas significativas na comunidade médica e entre as famílias que vivem com Alzheimer. O laboratório Eli Lilly anunciou que nos EUA o medicamento vendido sob o nome comercial de Kisunla custará 12 mil dólares (equivalente a 67.800 reais ao câmbio atual) para seis meses de tratamento e 48 mil dólares (271.200 reais) para dezoito meses.
Ainda não há data prevista para a aprovação do donanemab no Brasil. O laboratório fabricante submeteu a droga para avaliação regulatória da Anvisa em outubro de 2023 e o processo ainda está em andamento. Para entender melhor as implicações desse novo medicamento, entrevistamos a médica geriatra Lindsey Nakakogue, diretora científica da Federação das Associações Brasileiras de Alzheimer (Febraz).
O que é o donanemab?
Dra. Lindsey Nakakogue – Após mais de 20 anos sem nenhuma nova medicação para o tratamento da Doença de Alzheimer (DA), surgiram os anticorpos monoclonais contra a proteína beta-amiloide, uma das principais causas de morte neuronal na DA. Em 2022, houve a aprovação do Aducanumab pelo FDA, dividindo a opinião dos pesquisadores sobre a eficácia da droga. Em 2023, houve a aprovação do Lecanemab, que se mostrou mais seguro que o Aducanumab, levando à retirada deste do mercado. E em julho deste ano, foi aprovado o Donanemab.
O donanemab é um anticorpo monoclonal que reduz a deposição da proteína beta-amiloide no cérebro e foi aprovado para uso em pacientes com Alzheimer em fase inicial. Embora não cure a doença, atrasa o declínio cognitivo entre 4 e 7 meses.
Como o donanemab é administrado?
Dra. Lindsey Nakakogue – O donanemab é administrado via endovenosa, uma vez por mês. Antes de iniciar o tratamento, os pacientes devem passar por exames de imagem, líquor ou plasma para confirmar a presença da doença.
Quais são os efeitos colaterais?
Dra. Lindsey Nakakogue – Os medicamentos como o donanemab podem causar efeitos colaterais, incluindo as chamadas ARIA (Amyloid Related Imaging Abnormalities), como sangramentos ou edema cerebral. Nos estudos, o inchaço cerebral ocorreu em 37% dos casos. Portanto, esses medicamentos devem ser prescritos com muita cautela, e os pacientes precisam estar cientes dos riscos e benefícios.
Qual a importância desses novos medicamentos?
Dra. Lindsey Nakakogue – Os anticorpos monoclonais como o donanemab e o lecanemab representam um avanço significativo. Eles oferecem esperança ao retardar a progressão da doença, embora ainda haja muito a ser feito para encontrar tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
Como a Febraz está acompanhando esses desenvolvimentos?
Dra. Lindsey Nakakogue – A Febraz está atenta a todas as pesquisas relacionadas aos novos tratamentos e mantém uma grande esperança de que medicações mais eficazes, com menos efeitos colaterais e mais acessíveis, sejam desenvolvidas no futuro.
Lindsey Nakakogue é médica geriatra, membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), professora de Medicina na Pontíficia Universidade Católica – PUC Londrina, com Mestrado em Ciências da Saúde pela PUC-PR e Doutorado em andamento na área de Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).