Anticorpos monoclonais: Riscos e benefícios dos novos tratamentos para Alzheimer

Federação Brasileira das Associações de Alzheimer

Por Lindsey Nakakogue, médica geriatra e diretora científica da Febraz

Nos últimos anos, avanços nas pesquisas finalmente, depois de décadas de estagnação, trouxeram novas opções para o tratamento de pessoas que vivem com Alzheimer. Entre elas, medicamentos como o lecanemab (comercialmente conhecido como Leqembi) e o donanemab, ambos aprovados em 2023 pelo FDA (Food and Drug Administration), a agência reguladora dos Estados Unidos, equivalente à Anvisa no Brasil. Estes medicamentos, parte de uma classe chamada anticorpos monoclonais, prometem atrasar a progressão da doença em até 7 meses.

A liberação para uso do lecanemab na Europa, no mês passado, reforça que os anticorpos monoclonais representam uma nova e promissora opção de tratamento para a Doença de Alzheimer. Contudo, essa medicação é indicada apenas para uma parcela específica de pacientes: aqueles em fases iniciais da doença, sem risco aumentado de sangramento cerebral, como alterações prévias em exames de ressonância magnética ou a presença de duas cópias da variante genética ApoE4. Além disso, o uso estará restrito a centros capacitados, capazes de realizar a prescrição e o acompanhamento rigoroso necessários.


Disponibilidade no Brasil e cuidados necessários

No Brasil, esses medicamentos não estão disponíveis no sistema público de saúde nem em farmácias. Para usá-los, é necessário adquiri-los por meio de importação, e o custo ultrapassa os 12 mil reais mensais. Como são administrados por via injetável, exigem acompanhamento médico rigoroso e exames regulares para monitorar o paciente. O tratamento também pode trazer efeitos colaterais graves, como sangramento e edema cerebral, sendo contraindicado para pacientes com maior risco de complicações.


Converse com seu médico de confiança

Se você ou sua família consideram esses tratamentos, o diálogo com o médico de confiança é essencial. É importante avaliar todos os potenciais riscos e benefícios e verificar se o paciente atende aos critérios de elegibilidade para a medicação.


Fontes de pesquisa:

  • van Dyck CH, Swanson CJ, Aisen P, et al. Lecanemab in Early Alzheimer’s Disease. N Engl J Med. 2023;388(1):9-21. doi:10.1056/NEJMoa2212948

  • Sims JR, Zimmer JA, Evans CD, et al. Donanemab in Early Symptomatic Alzheimer Disease: The TRAILBLAZER-ALZ 2 Randomized Clinical Trial. JAMA. 2023;330(6):512-527. doi:10.1001/jama.2023.13239

2º Episódio – Como dar a atenção necessária a quem tem demência sem anular a própria vida

No segundo episódio, Drauzio Varella destacou as dificuldades enfrentadas pelos cuidadores familiares. A série deu voz a histórias como a de Beatriz, que largou seu emprego para cuidar da mãe, Jurema, e de Cristina, que documentou em redes sociais o cotidiano de cuidados com o pai, Aroldo. Elaine Mateus chamou a atenção para a solidão enfrentada pelas parceiras e parceiros de cuidado por conta da falta de suporte no Brasil.

3º EpisódioSaiba como terapias de estimulação cognitiva, social e afetiva ajudam a manter pessoas com demência socialmente ativas


No terceiro e último episódio, a série abordou os tratamentos não farmacológicos que ajudam a manter pessoas com demência socialmente ativas, como as terapias de estimulação cognitiva, social e afetiva oferecidas pelo Instituto Não Me Esqueças. Esses tratamentos contribuem para preservar a autonomia dos pacientes e retardar os impactos da doença. “A estimulação cognitiva oferece benefícios reais e permite que as pessoas convivam de forma mais ativa e integrada à sociedade”, afirmou Elaine.

A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, também foi ouvida pelo Fantástico e questionada sobre a necessidade de apresentar soluções para as necessidades das pessoas que vivem com demências e seus familiares. A Política Nacional em Demências foi instituída por lei neste ano, mas ainda não implementada. A ministra disse que o governo está estudando medidas para apoiar os cuidadores não profissionais, que representam 80% do total e, em sua maioria, exercem o papel de forma voluntária.

A Febraz agradece ao Dr. Drauzio Varella e toda a equipe do Fantástico por mostrar os desafios da vida com Alzheimer no Brasil. A audiência do Fantástico tem um alcance de 33 milhões de pessoas a cada domingo. Esperamos ver a mídia cada vez mais abrindo espaço editorial para falar sobre as demências e contribuir para que elas se tornem prioridade em saúde pública em nosso país.

Setembro Lilás – Campanha Mês Mundial de Alzheimer 2024

setembrolilas.org.br.

Data: 1 a 30 de setembro
Realização: Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz)
Parceiros: ABRAz, APAZ, CDD, IAB, INME
Patrocínio Diamante: Novo Nordisk
Patrocínio Prata: Lilly
Apoio: Walking The Talk for Dementia