Especialistas destacam terapias de reabilitação como chave para  mais autonomia e dignidade em demências

Federação Brasileira das Associações de Alzheimer

A Alzheimer’s Disease International (ADI), em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), realizou o webinar “Reabilitação e Demência: Perspectivas Globais, Nacionais e Pessoais”, nesta terça-feira, 21 de janeiro, reunindo especialistas e participantes de diversos países para discutir como as terapias de reabilitação podem preservar habilidades, prolongar a autonomia e garantir que as pessoas com demência sejam protagonistas de suas próprias vidas.

Com tradução simultânea em mais de 60 idiomas, o painel destacou as possibilidades das terapias para apoiar a independência, além de propor ações concretas para integrar essas práticas nos sistemas de saúde globais. A gravação do evento está disponível em inglês no YouTube, mas a equipe da Febraz acompanhou o painel para compartilhar aqui no blog as informações sobre o tema que interessa tanto a todos nós. Hoje destacamos as informações apresentadas por Alexandra Rauch, representante da OMS.

Reabilitação: um direito de todos

Abrindo sua fala, Alexandra Rauch, fisioterapeuta e pesquisadora, trouxe a definição oficial da OMS: “Reabilitação é um conjunto de intervenções que visa otimizar o funcionamento e reduzir a incapacidade em indivíduos com condições de saúde.”

Ela destacou que essa abordagem é essencial para pessoas com demência, que frequentemente enfrentam dificuldades em áreas como comunicação, mobilidade e atividades diárias. “A reabilitação ajuda as pessoas a se tornarem ou se manterem mais independentes em suas atividades cotidianas pelo maior tempo possível, além de possibilitar que participem de papéis significativos na vida, como trabalho, educação, interações interpessoais e outras tarefas importantes”, explicou.

Rauch também esclareceu que, embora diferentes termos sejam usados para descrever abordagens similares – como reabilitação funcional, cuidados focados no funcionamento e cuidados restaurativos –, todos têm o mesmo objetivo: melhorar a vida das pessoas que vivem com demência.

Intervenções que fazem a diferença

Segundo Rauch, a OMS defende que os países ofereçam programas baseados em um conjunto de intervenções para a reabilitação em demência, com foco em:

  • Melhorar e manter habilidades de linguagem e comunicação;

  • Melhorar e manter funções motoras, mobilidade e condicionamento físico;

  • Melhorar e manter a independência em atividades do dia a dia e relações interpessoais;

  • Incluir apoio direcionado a cuidadores e suas famílias, que enfrentam grandes desafios no cuidado diário.

Desafios globais e soluções práticas

Rauch destacou que a reabilitação é um serviço essencial reconhecido pela OMS, mas que seu acesso é desigual no mundo. Muitas vezes, ele depende de pagamentos do próprio bolso ou de sistemas de seguro, o que exclui grande parte da população.

A representante enfatizou a necessidade de aumentar a força de trabalho dedicada à reabilitação, incluindo mais terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. “Médicos, enfermeiros e técnicos precisam estar capacitados e cientes sobre a importância desse suporte”, frisou.

Além disso, ela ressaltou a importância de mais pesquisa e diretrizes de prática clínica de alta qualidade para a reabilitação em demência e defendeu maior esforço em advocacy. “Precisamos de mais atenção para conscientizar as pessoas sobre o que é a reabilitação em demência e por que ela é essencial para pacientes, suas famílias e cuidadores.”

Para a OMS, o programa de intervenções pode orientar governos e Ministérios da Saúde a criar benefícios de saúde integrados aos sistemas nacionais, além de regulamentações para o cuidado em demência. Ele também é uma ferramenta valiosa para prestadores de serviços e planejadores implementarem práticas baseadas em evidências.

Oportunidades para agir agora

O webinar foi um marco inicial para fortalecer a agenda de reabilitação em demência, especialmente com o lançamento do relatório da ADI sobre o tema, previsto para setembro deste ano. Reabilitar é devolver dignidade e autonomia às pessoas. Esse é o caminho que precisa ser ampliado em todos os contextos globais.

Acompanhe o blog da Febraz para mais reflexões sobre reabilitação em demências. No próximo post, vamos destacar a participação de outros especialistas, incluindo a médica Jennifer Bute, diagnosticada com demência e hoje uma defensora ativa da causa no Reino Unido.

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